31/10/2012

poema para comentar


Contemplai as catedrais!
As altas e magníficas catedrais, grandiosas e iluminadas.
Pequenos acessos estreitos culminam na grande abóbada sagrada.
Soam cantos que te embalam e acariciam a tua alma.
Cantos sagrados que te possuem.

Subtilmente entrado no transe estático da simplesmente existência,
desfilas no tapete cinzento e prestas culto.
Nas galerias do metro, dobramo-nos perante um deus desconhecido.
Num ritual hipnótico cultivamos uma seita,
a existência cardio-ataque, veloz mas previsível.

Todos no mesmo caminho dentro de uma carruagem bem assente nos trilhos de sempre.
No metro nada importa.
Se estiveres atento à saída, obterás a salvação.
Entretanto veneramos o deus desconhecido.
Se não venerarmos não interessa, deus autoritário.
A procissão zombie começa. Espectáculo único.

       Seguir passos de zombie,    
       Ser zombie também.

Adormecer o leão e repousar a alma num sono de sonhos doentes.
Subir as escadas e enjaular a fera gentilmente para que não acorde.
Respirar sem sentir o ar.
Sentir o bater cardíaco do tempo na viagem mas esquecer que existe vida.
Exclui-te da dança dos apressados e contempla.                                                                                                                               

    Deslumbra-te,    
       vai para casa,     
          dorme.

Gostava que lessem este poema e, se estivessem dispostos, fizessem uma pequena crítica. 

Luís Campos

4 comentários:

  1. Eu gostava que tivesse assinado o poema, parece-me mais honesto em termos de diálogo literário.

    Sente-se uma voz inspirada e nova, a tatear caminho, mas sem maneirismos, próxima de uma fonte. O texto precisa de ser lido e relido e trabalhado para se livrar de palavras a mais e depurar as imagens, diria.

    Cuidado com os erros ortográficos: seita escreve-se assim. E queria dizer "estático" ou "extático"? Confirme no http://www.priberam.pt/dlpo/default.aspx

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  2. Muito obrigado pela resposta, é importante receber um feedback.
    Quis dizer estático. Já emendei ceita para seita.
    O que é que a professora quis dizer com maneirismos?

    Gostaria que mais pessoas criticassem, se não houver problema vou deixar no blog caso alguém o queira fazer.

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  3. http://www.priberam.pt/dlpo/default.aspx?pal=maneirismo
    Refiro-me ao facto de o seu estilo não ser rebuscado, como sucede com muitas pessoas quando escrevem os primeiros poemas, crendo que na complexidade é que está o ganho...

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  4. este poema parece me uma clara critica a uma sociedade cada ver mais centrada num "deus" que é o capitalismo. Sem pensamentos e já sem vontade propria, cada um segue o rumo em direcção a casa ao fim do dia esperando salvação no conforto do bem material, bem que foi comprado por "deus" após a "veneração diária".
    Gostei imenso, de onde veio a inspiração?´
    Neuza Machado 44980

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